domingo, 3 de agosto de 2014

HÍMEN COMPLACENTE

Há alguns anos eu estava no Rio de Janeiro e, encontrei um amigo que não via desde 1997. Almoçamos juntos, e na despedida fui convidado por ele para assistir à noite, uma apresentação da banda em que seu filho tocava. Perguntei qual o gênero musical do grupo, e ele me respondeu que era, algo assim, "meio Rock pesado e alternativo"... Fiz que entendi e, na falta de um programa melhor, aceitei o convite.

Chegamos no bar, numa rua em Copacabana e, quando vi aquela multidão composta por jovens punks (alguns nem tão jovens assim), senti que a noite prometia, principalmente para alguém que, como eu, tinha o dobro da idade da turma. Essa coisa da idade é tão séria que, ao entrar no local tentando abrir caminho com os braços, acho que cantarolei em silêncio: "Vejam só que Festa de Arromba / noutro dia eu fui parar...".

É óbvio que não havia lugar para sentar, e mesmo contra a vontade, eu e meu amigo pulávamos juntos com aquela galera ensandecida.

De repente alguém anuncia: Com vocês, o som maluco da Hímen Complacente!!! Sim, esse era o nome da banda e, aos primeiros acordes de guitarra, constatei que era um som maluco mesmo. O filho do meu amigo era o cara que cantava com uma voz grave e rouca e, juro por tudo que, por mais esforço auditivo que eu fizesse, não entendi uma só palavra. O rock era pesado mesmo e, extremamente "alternativo". Meu amigo vibrava com a performance do seu filhote que deveria medir algo próximo de 2 metros, e com uns 130 quilos - sem contar a belíssima tatuagem no peito e nos braços que, devido à distância em que eu estava, me lembrava o teto da Capela Sistina.

A certa altura da apresentação delirante, um rapaz que estava ao meu lado, cutucou meu braço e perguntou: Show, né tio??? E respondi agitando os braços no ar: Ô...showzaço!!

Não sei quantas músicas foram tocadas pela Hímen Complacente, até porque, uma emendava na outra, parecendo ser sempre a mesma ou, uma ladainha-musical-pesada-alternativa.

Me despedi do meu amigo e voltei ao hotel. O "som maluco" da banda me acompanhou no táxi e, não me deixou nem quando eu me revirava na cama tentando dormir. E olha que, a membrana complacente do meu tímpano, aguenta as mais absurdas abobrinhas. Menos um Rock pesado e...alternativo.

2 comentários:

Paula Barros disse...

Os seus textos me fazem imaginar a cena, em alguns momentos sorrir, e me imaginar com o som a me perseguir.
abraço

Lu Dantas disse...

O importante é participar rs e prestigiar os amigos!

Abs

www.lucadantas.blogspot.com.br