sábado, 9 de abril de 2011

PÚBLICO X PRIVADO


Há dias atrás, precisei ir até à Receita Federal para solicitar uma certidão negativa, já que o site que a disponibilizaria estava fora do ar. Como o tempo de espera era longo, e a "simpatia e bom atendimento" dos servidores era emocionante, pus-me a pensar em como seria minha vida profissional caso tivesse optado pela função pública. Confesso que entrei em pânico seguido de alergia só de me imaginar naquela situação.

Antes de mais nada, quero deixar claro que nada tenho contra servidores públicos - tenho sim contra a "máquina" que os emprega e os paga com todas as benesses e estabilidade possível, mesmo havendo reclamações frequentes contra os baixos salários (?), que quase sempre acabam em greves, e cujos prejudicados são os cidadãos que pagam seus impostos religiosamente.

Recentemente, publiquei no facebook uma informação dando conta de que o Senado Federal tem 83 senadores e conta com 6.139 servidores. Que absurdo!

Somando-se os funcionários inativos de todo o país com o número interminável de almas que trabalham (?) em Ministérios, Secretarias, Assembléias, Prefeituras, e demais autarquias e estatais, podemos entender a fúria arrecadatória da tal "máquina" empregadora. E é óbvio que saúde, educação e segurança, são ítens supérfluos para quem comanda esse espetáculo todo.

Volto a dizer, nada contra quem se beneficia com bons salários, licenças, recessos, aposentadoria integral, etc,etc,etc. Tratam-se de pessoas que prestaram concursos (ainda que eu questione os métodos de seleção), e estão ao abrigo da lei.

Também é óbvio que alguns absurdos proporcionados pelo Estado, deixam alguns contribuintes como eu, de cabelo em pé. Exemplos? No quadro de funcionários do Governo gaúcho, existem servidores (poucos, é verdade) com salários na faixa de R$50mil reais, e o que impressiona é que são pessoas com funções subalternas, sem especialização nem formação acadêmica, mas que foram ao longo do tempo agregando "penduricalhos" tais como, quinquênios, insalubridade (mesmo trabalhando em gabinetes), promoções, fases da lua, possibilidade de ocorrerem tsunamis, ataques de alienígenas, e sei lá mais o que!

Fiquei sabendo também, que o Ministério da Fazenda conta com Arquitetos no quadro de funcionários. Se alguém me explicar o que pode fazer um arquiteto por lá, eu agradeço! Seria o mesmo que contratar um Teólogo para exercer suas funções no Ministério dos Transportes... se bem que com a qualidade das nossas estradas, um pouco de oração seria bemvinda para proteção dos motoristas!

Cito apenas esses exemplos, pois se for continuar vou precisar de mais dois blogs, e talvez no ano de 2014 ainda não tenha terminado.

Quero também esclarecer, que esse texto não tem conotação partidária, pois esse festival de absurdos vem de longe, e pelo visto, continuará "per omnia seculum seculorum".

Sinto profundamente quando há anos atrás contrariei minha mãe, Dona Natalia, cujo sonho era ver seu lindo filhote orgulhoso por ser funcionário da Petrobrás, Banco do Brasil, ou do Governo do Estado.

Sorry mamys, mas meu orgulho é o de NUNCA ter recebido um mísero tostão dos cofres públicos, apesar de me sentir às vezes um perfeito babaca pagando tanto imposto, sem saber para onde vai meu rico dinheirinho!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

CÃO VEGETARIANO


A frase é velha, mas sou obrigado a repetir - "Morro e não vejo tudo!"

Li numa revista de circulação nacional (Época) uma matéria sobre cachorros vegetarianos. Que época...! Temos visto de tudo neste mundo: tsunamis, aquecimento global, Lula esnobando Obama, Bial cada vez mais chato no BBB, e agora, mais essa!

Eu sou uma pesso crédula. Acredito fácilmente em coisas que pessoas mais exigentes se recusam a aceitar, tais como: A Lei da Ficha limpa ser aplicada no Brasil, o amor de Khadafi por seu povo, a sanidade mental de Clarice Lispector, e até na qualidade literária dos livros do Paulo Coelho.

Ao contrário do que imaginam os meus oponentes, ainda que sejam insignificantes (rss), costumo acatar com muita facilidade aquilo que me dizem. Acredito na "enorme criatividade e talento" de quem faz propagandas de cerveja, na total isenção jornalística de quem trabalha na Rede Globo, na virgindade de Lady Gagha (ela jura que é virgem...), acredito também nas boas intenções dos cartolas do futebol brasileiro, na qualidade musical e artística de pagodeiros e sertanejos, enfim, acredito em tudo...!

Só não acredito na felicidade do cachorro vegetariano - supondo-se que a felicidade do animal seja viver conforme a sua natureza.

Na Europa, tivemos o fenômeno da Vaca Louca depois que os humanos resolveram alimentar os bovinos com uma farinha feita de restos animais. Temo que algo semelhante aconteça com os cães submetidos à dieta herbívora. Pode acontecer com esses pets algo muito pior do que a loucura que acometeu as vacas inglesas, logo elas, britânicas, antes tão discretas, parecidas com o Príncipe Charles, e prontas a virar rosbife sem fazer alarde nem mugir muito alto do que o conveniente para uma vaca súdita de sua majestade Elizabeth II, herdeira da coroa de um reino em que, no passado, o sol nunca se punha por uma questão de etiqueta.

Temo sim por esses cachorros. Pode existir algo pior do que ser humanizado? Imagino que cães vegetarianos possam vir a ter a massa cinzenta de alguns donos... Que horror!

Isso me faz lembrar uma pessoa que conheci, cujo sonho sempre foi ser e viver como animal. O contraditório, é que seus bichos sempre foram tratados como gente. Vai entender...!

Imagino também, a bicharada lendo Caras, Contigo, Quem, etc. Que horror!

Acordo no meio da noite em pânico. E se um dia esses cachorros se revoltarem? E se eles decidirem ter programa de televisão ou desfilar como destaque em carro alegórico? E se um dia quiserem se vingar montando uma rede de churrascarias?

Prefiro confiar na inteligência dos cachorros, do tipo - finge que me adestra e eu finjo que obedeço...!

Só a inteligência deles poderá nos salvar dos seus donos.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

ENCANTADORES DE GENTE


Antigamente, na língua portuguesa, existia apenas um tipo de encantador: o de serpentes. Muito comum nas ruas da Índia e nos desenhos animados, os encantadores de serpentes usavam turbante e tocavam flauta para fazer a cobra subir e sair da cesta - habilidade que, no Brasil, não escapou à malícia popular.

Hoje em dia, graças a uma tradução não muito confiável de uma expressão em inglês (whisperer), há "encantadores" para quase tudo: cachorros, bebês, búfalos, fantasmas, e até através de comentários ridículos e insinuantes em blogs. Assim como alguns cachorros, bebês e búfalos, babam com tanto "encantamento", o blogueiro vítima de tais comentários também não passa imune.

Geralmente, o "comentarista-encantador" também tem um blog, onde a vaidade é exposta através de muito photoshop e textos de duplo sentido, onde a abrangência de leitura é "ampla, geral, e irrestrita". Afinal, manter o eleitorado não é tarefa fácil, e apenas comentários longos e chatos, seguidos de miados ou latidos, ou ainda com doces despedidas não é suficiente.

Existem, é óbvio, pessoas que encantam sem dispenderem muito esforço. Entre elas, destaco Bill Clinton que literalmente me encantou em Detroit, numa palestra na sede mundial da GM; Milton Nascimento, cuja voz penetra em nossos tímpanos da maneira mais agradável possível; e Mário Quintana, que além de me encantar com sua poesia, deixou marcada sua presença em minha vida, ainda que por apenas uma tarde.

O encantador de gente, tem que ter talento, técnica, vocação, aptidão, mas principalmente caráter e carisma para o inevitável "olho no olho" com os interlocutores. Sem isso, o jeito é se conformar em ser "comentarista-blogueiro-encantador".