sábado, 26 de julho de 2014

Crazy Neighbour

Tenho uma vizinha estranha, descompensada emocionalmente, talvez sensível ou, quem sabe, doida.
No prédio onde moro, poucos moradores mantém relações cordiais com ela. Me incluo nesse pequeno grupo, por um simples motivo: aprendi que com louco não se discute e, em alguns casos, eles podem ter razão.
Nos primeiros meses do ano, ela andava surtada full time. Como sei disso? Simples... sempre que ela está, digamos, mais nervosa, ela entra e sai do prédio cantando "To nem aí", reforçando os agudos na hora do "aí". Outro fator sintomático: quando ela implica com alguém, tem mania de deixar bilhetinhos mal educados nos carros dos vizinhos.
Há alguns meses, fui vítima de um desses temíveis bilhetinhos - ao estacionar o carro na garagem, invadi, por descuido, a vaga ao lado que, por sinal, não é dela, mesmo assim o mal traçado bilhete dizia o seguinte: "Aviso ao proprietário deste carro com cara de monstro, que na próxima vez que "estasionar" errado tomo sérias providencias." Amassei o papel rindo mas, logo comecei a pensar: quem teria a cara de monstro, eu ou o carro! Voltei até a garagem, olhei fixamente para aqueles faróis que me encaravam felinamente; observei aquela grade cromada que me deu um sorriso sarcástico, lembrando dentes de aço prontos a me devorar, e a partir daquele momento passei a entender o recado dela. E a temer o carro.
Nas últimas semanas, ela tem andado mais tranquila e simpática. Como sei disso? Simples... desde que a conheço, além do péssimo humor, sempre a via com a mesma camiseta e jeans, ou alguma variação sobre o mesmo tema, além dos seus encaracoladíssimos cabelos estarem sempre desgrenhados, causando inveja no Davi Luiz, aquele selecionável do Felipão. Pois bem... noite dessas, estou entrando no prédio e uma bela moça me cumprimenta sorridente - vestia um belo vestido preto, sapatos altos, maquiagem perfeita e, os cabelos...ah, os cabelos tinham passado por uma chapinha furiosa, estilo Maga Patalógika. É claro que era ela! Para me certificar, após o respeitoso "boa noite", olhei discretamente quando ela saiu do prédio e entrou num carro branco, onde um príncipe encantado a recebeu com um beijo apaixonado. O amor opera milagres!
Desejo do fundo do meu coração, que o amor dela seja infinito, mesmo que não dure - pela sua saúde mental e a felicidade geral do prédio.
Por falar em saúde mental, tenho sentido falta de ouvir aqueles agudos do "To nem aí". Mas vai passar. Ah, vai!

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