sexta-feira, 20 de agosto de 2010

HOMENS OU ESPONJAS


Nunca acreditei no parentesco do homem com o macaco. Pensei muito no assunto antes de escrever, e examinei demoradamente cada uma dessas espécies. A disparidade é enorme, e conclui que o homem não descende do macaco. Seria humilhante demais... para o macaco!
Jamais se viu macaco pedindo autógrafo para duplas sertanejas, ou acreditando que com bolsa família os problemas dos seus semelhantes estarão resolvidos.
Tenho acompanhado alguns estudos científicos e posso garantir para vocês que o homem vai lamentar por não ser parente do macaco. Somos parente da esponja do mar. Alguns humanos são esponjas...
Cientistas australianos descobriram que os humanos compartilham 70% dos seus genes com as esponjas do mar. Parece que as esponjas não estão contentes, e sentiram-se ultrajadas. Entre elas, do que se sabe até agora, nenhuma leu Paulo Coelho nem comprou livros de autoajuda. A atividade cerebral média das esponjas é muito maior que a da maioria dos participantes de um "Big Brother".
É certo que não existem esponja-melancia, esponja-moranguinho ou esponja maria-chuteira. Os cientistas mais otimistas garantem que o processo evolutivo pode garantir para alguns humanos o estágio superior das esponjas. É só uma questão de milênios, o que é nada na escala temporal planetária.
As esponjas são tão mais evoluídas que se reproduzem assexuadamente, salvo as mais assanhadas. Um fragmento de esponja pode se transformar em uma nova esponja, pois elas chegaram muito antes de nós à clonagem.
Há esponjas diferentes entre si, mas elas não se orgulham disso, e nem brigam por isso. O habitat delas é o mar, e não o bar. As esponjas, a exemplo de muitos humanos, são grandes absorventes de detritos. A diferença é que elas não os produzem nem os deixam espalhadaos pelas ruas e praias.
Apesar de solidárias, elas jamais defenderam o socialismo real. Não há notícias de esponjas comunistas nem de um holocausto esponjoso.
Talvez num próximo estudo os cientistas nos tragam mais novidades, o certo é que por enquanto a nação dos macacos ficou muito feliz. Eles sentiram-se aliviados, pois não suportavam mais a comparação.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

TANGO EM PORTO ALEGRE


Há algumas noites atrás, fazia muito frio em Porto Alegre.
Amelita Baltar, a musa de Astor Piazzolla, apresentava-se no Salão de Atos da UFRGS. Estava em casa me preparando para assistir um filme do 007, quando recebi o convite de uma amiga para ir ao show. Pensei...James Bond pode esperar. Amelita, não. O tango vale qualquer sacrifício. Até a geladeira do Salão de Atos. Acho que a calefação foi desligada para economizar. Coisa de locais administrados pelo governo. Tinha vento encanado, e fiquei com medo de pegar uma pneumonia. Parecia circo no Interior, com o vento sibilando por entre os rasgos da velha lona. Da próxima vez, juro que levo um cobertor para cobrir os joelhos.
O show foi nota dez. Amelita nasceu em 1940, e é meio maluquinha. Canta maravilhosamente; tem senso de humor, e mostrou suas longas pernas, saindo de uma fenda do vestido. Ela disse que Piazzolla primeiro se apaixonou pelas pernas, e só depois pela sua voz. Que pernas lindas tem Amelita, quase aos 70 anos! E que voz! Eu quase realizei um sonho: levantar e gritar "bravo, bravo!". Sempre penso em fazer isso quando assisto um grande artista, mas a timidez me impede.
Já falei uma vez que queria saber dançar tango e tocar bandoniôn. Se tocasse esse instrumento maravilhoso, largava tudo, mulher (se tivesse), filhos, cargo no Senado, supersalário no Tribunal de Contas, e me mandava pelos povoados da Argentina, tomando Malbec, lendo Borges, vendo jogos do Boca Juniors em Tvs de pequenos hotéis, até voltar para Porto Alegre, onde tocaria no Cais do Porto em pleno inverno. O frio seria o mesmo que no Salão de Atos.
Amelita interrompeu o show e mandou colocar luz sobre as partituras para que os músicos pudessem ler. Detesto também essa mania do escuro. Há bares, com mesas, onde as pessoas sentam para conversar na escuridão quase total e com música mais alta que mil vuvuzelas zumbindo. Todos gritam e espremem os olhos para se olharem. Dizem que isso cria uma "certa atmosfera"!
Piazzolla, Amelita e seus muchachos. A voz dela tem pegada, e o tango torna-se pura atitude. Aposto que alguns jovens que gostam de "papo-cabeça", foram ver o dismilinguido do Jorge Drexler que também se apresentava por aqui. Esse Jorginho até que não é ruim. Com um pouco mais de esforço, dará um meio Kleiton ou um Kledir.
Amelita me tirou do sério. No final, num arroubo, cheguei a emitir aquele "hu hu" dos fãs em shows. Meio tímido é verdade, mas acho que ninguém viu. Mesmo assim me senti realizado. Aos poucos estou superando minha inibição. A quase setuagenária Amelita continua uma gata.
Só faltou eu abrir uma garrafa de vinho depois da meia noite, em casa, com o ar ligado no máximo e muito tango ao fundo. O resto, obviamente, não posso contar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

VOLTANDO AO BLOG !


Há quase um mês atrás, resolvi "dar um tempo" por aqui. Queria refletir sobre algumas coisas na minha vida, reciclar outras, ser solidário com um determinado fato, e tentar enxergar o que havia atrás de um alto muro que construí.
Passado esse tempo, não refleti sobre coisa alguma, reciclei menos ainda, vi que nem sempre vale à pena ser solidário, e pude perceber que o tal muro não era tão alto assim.
Peço desculpas pela ausência nos blogs dos amigos, mas prometo retomar as visitas e curtir cada palavra escrita, pois a saudade é grande.
Antes de publicar meu próximo texto, deixo aqui uma frase mandada por uma grande amiga, que por coincidência enviei à ela há tempos atrás.
" A gente ama enquanto pode... esquece quando é preciso... e aprende que só vale a pena lutar por aquilo que valha a pena possuir! "
Um beijo no coração de todos!