sexta-feira, 16 de julho de 2010

BABYSHOP


Basta ler as seções de ciência e medicina dos jornais ou assistir a certos documentários, para compreender que já começou a passar o tempo em que o máximo que um casal esperando um filho discutia era o nome do pimpolho. Hoje é o mínimo, até porque me contaram que já se pode recorrer a profissionais especializados. O freguês fornece os dados necessários e o especialista consulta fontes que vão da etimologia à numerologia, a fim de determinar o nome a ser dado à criança. Nada desse negócio de santo do dia, homenagem a artista de TV ou chamar o júnior de Djalmotércio, para lembrar os avôs Djalma e Natércio.
Agora e no futuro próximo, com os avanços da genética e das técnicas de manipulação de gametas, ovos e embriões, as discussões serão bem outras. Não duvido que daqui há alguns anos, possa aparecer um Photoshop intrauterino, talvez denominado Babyshop. A ideia seria durante a gestação, ir determinando as feições do bebê, cor do olhinho, cabelos, nariz, etc.
Imaginei um casal diante do computador discutindo:
- Que é que você acha do cabelo, assim encaracoladinho? - pergunta o orgulhoso papai.
- Horrível, diz a mãe, isso não se usa mais!
- Como não se usa mais? Minha filha vai ter cabelo cacheado!
- Cacheado não é encaracolado, deixe de ser burro, você não sabe inglês. Olhe aí na janela do programa: Kinky é bem encaracolado, Curly é que é cacheado. Clique no Curly, dois cliques.
- Não clico em nada. Pensando bem esse programa é pirata, é melhor não mexer nisso, outro dia ele travou e deixou a menina com um olho de cada cor, e nariz de bruxa. Foi um custo para eu deletar. Deixa assim mesmo!
- Cuidado! Ah, meu Deus, o útero está em linha? A placenta está conectada? Que cabo é esse na barriga dela?
- Não esquenta! Esse cabo aí é o da WebCam, para eu mostrar as modificações para a tia Adélia lá em Salvador.
- Ah...!
Inútil discutir sobre se isso tudo é bom ou ruim. Se vai existir ou não. O ser humano sempre viveu querendo controlar aquilo com que se relaciona, inclusive o organismo de sua espécie e sua reprodução. Portanto, devemos estar preparados para o progresso!
No Brasil, considerando-se que somos o povo mais tudo do mundo, isso não constituirá dificuldade. Com um governo "voltado para o social" como o que temos, o filho retocado no Babyshop seria disponibilizado através do SUS.
Claro que em clínicas particulares, o atendimento seria outro, e as felizes mamães sairiam de lá com o perfil exato do belo filhote.
Quem for pelo SUS, além de madrugar para conseguir atendimento, poderá ter surpresas!
A mamãe de classe pobre, que já chega para o Babyshop com o nome escolhido, corre o risco de sair de lá, com o perfil do bebê parecido com uma mistura do Freddy Kruger com Ronaldinho Gaúcho.
E não adianta reclamar, porque o Babyshop do SUS só dá dois megapixels.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A (melhor) IDADE DA LOBA


Balzac escreveu "A Mulher de 30 Anos". Hoje poderia, quem sabe, escrever "A Mulher de 50 Anos". Estou exagerando? Não acho. Talvez até fosse mais adequado falar na mulher de 60. Por que não? A verdade é uma só: as mulheres vivem cada vez mais tempo e melhor.
Preciso dizer isso de outra maneira, mais clara: vivem cada vez mais tempo, mais belas, mais envolventes e mais apaixonadas pela vida. Aproveitam-se da evolução da ciência, das cirurgias plásticas, das novas técnicas de preparação física, dos novos cosméticos, de tudo o que permite cuidar bem do corpo e, principalmente, do bem que faz gostar de viver muito.
O homem é prosaico. As mulheres são poéticas. O homem é diurno. A mulher é noturna.
Felizmente, há homens com alma feminina.
Alguns homens de 50 anos querem ficar no sofá vendo jogo de futebol e bebendo cerveja. Não vêem mais razão para sair, dançar, seduzir e divertirem-se. Aos poucos ficam com a aparência e o cheiro de um lobo-marinho em cima de um rochedo. Com homem é assim: ou sai para caçar ou coloca pantufas e aposenta o rifle. Há os que saem para trair, é verdade. A idade e os hábitos, contudo, os tornam invisíveis.
As mulheres são mais inteligentes, sensíveis, determinadas e interessantes. Leem mais, buscam novidades e apaixonam-se. O homem mediano organiza sua vida em torno de quatro elementos que, depois de levá-lo ao topo, terminam por derrubá-lo: a racionalidade, o utilitarismo, o trabalho e o tempo como valor econômico. Só as mulheres conhecem realmente a importância do supostamente inútil; produzir-se, em vez de só produzir, consumir, em lugar de se consumir, gastar e gastar-se, e buscar o prazer até o fim.
Mulheres maduras vão aos salões de beleza todas as semanas. Sei que, infelizmente, nem todas têm poder aquisitivo para isso. As que podem, cuidam do corpo e sonham com novos amores. Homens maduros sonham em ter uma Copa do Mundo a cada seis meses. As mulheres até sonham com futebol, mas é para ver as pernas do Kaká, do Messi, ou do Cristiano Ronaldo. Homens na maturidade, falam com os amigos sobre negócios e política, para parecerem úteis e racionais. As mulheres encontram coisas mais agradáveis para fazer.
Algumas, mesmo depois dos 70 ou 80 anos de idade, ainda buscam nos bingos comunitários ou clandestinos, o gosto do jogo, do estar-junto, da brincadeira e do risco calculado. Nunca as chamem de vovós. Elas são antes de tudo, mulheres em busca do prazer, coisa que alguns homens com o tempo esqueceram de obter, e principalmente de proporcionar.
As mulheres quando lêem algo, sabem captar o essencial. Os homens querem saber do conteúdo e da ideologia. Elas observam como ninguém a forma, o jogo, a fórmula, as figuras de linguagem, as nuanças e os estilos. Eles, riem feito bobos, mentem uns para os outros contando vantagens, e pedem mais uma cerveja.
Enfim, como é bom ter um corpo masculino com alma feminina...

quinta-feira, 8 de julho de 2010

UM NEGÓCIO CHAMADO FUTEBOL


A disputa, a luta pela posse da bola, a "garra e a determinação" (como dizem alguns boleiros), e a busca pelo gol, são os melhores produtos apresentados aos torcedores deste fenomenal esporte coletivo chamado futebol.
Nesta Copa do Mundo que está chegando ao fim, serão trazidos para os cofres da FIFA, a soma de 3,2 bilhões de dólares, e ainda que passe despercebido pelos bilhões de telespectadores e torcedores nos estádios, há outra disputa interessante.
Nada é gratuito na África do Sul, e a mais nova geração de câmeras de televisão está mostrando como os caríssimos patrocínios das empresas envolvidas podem ser driblados, apesar das rígidas exigências da FIFA. ADIDAS e NIKE, por exemplo, são concorrentes mundiais em material esportivo, mas a NIKE está levando mais vantagem nesse Mundial, mesmo estando fora do patrocínio.
Quem tem este privilégio é a ADIDAS (Alemanha) que está com a FIFA nas Copas desde 1954 e cujo contrato vai até 2014. É da empresa alemã a mais nova chuteira deste Mundial - a F 50 Adizero e também a bola oficial, a Jabulani. E aí começa a guerra comercial e publicitária entre as duas, e deu para notar que alguns atletas se encarregaram de "desmoralizar" a Jabulani.
O goleiro Julio Cezar e o atacante Luiz Fabiano, patrocinados pela NIKE, criticaram a bola, mas Kaká e Lúcio, com contratos com a ADIDAS, são só elogios...
Outra coincidência(?) são as imagens em câmera lentíssima, onde a NIKE tem o melhor merchandising da Copa. A maioria dos atletas usa chuteiras NIKE e é a logomarca da empresa que mais aparece quando a TV mostra os lances em detalhes dos pés dos craques disputando a Jabulani (sem a logomarca da ADIDAS).
A NIKE também tem faturado muito nas camisetas das seleções, principalmente a brasileira, mesmo sem patrocínio oficial.
A FIFA que controla tudo, até as bebidas vendidas nos estádios, deve ficar furiosa, pois não conseguiu impedir os ataques subliminares da NIKE.
Em 2014, a FIFA praticamente assumirá muitos governos municipais no Brasil. Ela dará ordens e promoverá o arquivamento de leis. Em Porto Alegre, por exemplo, atualmente é proibida a venda de cerveja no interior dos estádios. Na Copa de 2014, a cerveja BUDWEISER, e sómente ela, estará liberada no Estádio Beira-Rio.
Na semana passada, a FIFA pediu ao governo brasileiro para afrouxar e apressar a concessão de vistos de entrada de seus funcionários. Será criado o "visto da Copa", uma permissão a ser emitida por nossos consulados e embaixadas. O visto normal tem um prazo de 60 dias. O especial da Copa será tão rápido como uma "pedalada" do Robinho.
Duvido que exista melhor negócio que investir no futebol.
Bem que meu pai dizia: "Estuda ou aprende a jogar bola, moleque!" .
Optei pela primeira escolha. Bem feito, pra mim...!